Início » Aris Arcanum: o roguelite gótico que te humilha com classe

O dia em que o tiozão entrou na livraria e saiu maldito. Por RumbleTech – o velho gamer que ainda lembra quando “gráfico bonito” era ver o Mario virando pra esquerda sem travar o Nintendinho.
Sabe aquele momento em que você decide jogar “só um indie rapidinho” antes de dormir, e quando percebe tá debatendo metafísica com um livro que quer te matar? Pois é, foi logo que Aris Arcanum, da tal Broken Cane, me pegou.
De rosto, já aviso: isso cá não é pra quem tem pressa. Se você é do tipo que acha que “roguelite” é sinônimo de “transpor metendo porrada igual em Hades”, vai se frustrar mais rápido que gamer tentando rodar Starfield num notebook da Positivo.
Mas se você curte atmosfera, dor nas juntas e filosofia existencial misturada com magia e tinta viva — bem-vindo à livraria do inferno, onde até o silêncio julga suas decisões.
Você é Clyde Colgrave, um estudioso mancando com a classe de um tio voltando do churrasco com a lombar travada.
O rosto é mandado pra Aris Archives, uma livraria vitoriana onde livros ganham dentes, tinta escorre das paredes e a sanidade é só um noção decorativo.
A “Ink”, essa gosma preta demoníaca, está corrompendo tudo — inclusive você, que começa o jogo parecendo o funcionário do mês da Cultura e termina parecendo um figurante de Bloodborne que perdeu a fé na humanidade.
A narrativa é o tipo de loucura acadêmica que faria Lovecraft parar e manifestar: “Camarada, respira. Nem eu fui tão longe.”
E sim, ela é contada naquele estilo que mistura diários, manuscritos e NPCs que falam uma vez que se tivessem engolido um léxico de latim. Um charme, se você for o tipo de pessoa que acha risonho ser xingado em arcaico por um tomo possuído.
“Ah, mas Rumble, é roguelite, né? Portanto é tipo Hades?” Sim, se Hades tivesse sido feito depois de um divórcio, com o protagonista em depressão e mancando. A jogabilidade é lenta, metódica e punitiva, e cada passo incorrecto é uma passagem só de ida pra terapia.
Mas calma — não é ruim. É propositadamente doloroso. Clyde é um mago erudito, não um desportista olímpico, e a Broken Cane (o nome já entrega, né?) faz questão de te lembrar disso a cada esquiva desajeitada.
O sistema de combate é fundamentado em glifos mágicos, e cá está o tempero do jogo: Você cria seus feitiços.
Não escolhe um poder qualquer e pronto. Você combina símbolos, uma vez que se estivesse tentando resolver um sudoku místico, pra formar magias com efeitos diferentes.
Quer transformar uma esfera de queimação em uma chuva corrosiva? Junta uns glifos ali. Quer um relâmpago que paralisa e ainda dá dano crítico? Dá seus pulos. Mas errou a combinação?
Parabéns, acabou de fabricar um PowerPoint entusiasmado que consome toda a sua mana e faz menos estrago que um estalo de dedo.
É genial e frustrante ao mesmo tempo — tipo montar um traste da Tok&Stok sem manual.
Agora, preciso tirar o chapéu (ou melhor, o boné desbotado da LAN house):
Aris Arcanum é lindíssimo.
O jogo parece ter saído de uma pintura gótica molhada em tinta preta. A iluminação é melancólica, as sombras dançam uma vez que se estivessem rindo da sua falta de habilidade, e os corredores da livraria são tão claustrofóbicos que você sente o cheiro da poeira do dedo.
Tudo pulsa, respira e te encara. É aquele tipo de arte que te dá vontade de tirar print, enquadrar e pendurar na parede da sala — só pra lembrar diariamente que sua espírito é frágil e a tinta está vindo te buscar.
A trilha sonora? Sombria, densa, enxurrada de sussurros e notas graves que fariam até o Silent Hill dar uma pausa e manifestar: “Camarada, tá tudo muito em lar?”
Olha, eu sou o tipo de jogador que zerou Contra sem save state. Mas Aris Arcanum me fez repensar minha fé na humanidade. Não é difícil por ser injusto — é difícil porque tudo é um penalidade calculado.
Os inimigos não correm pra cima de você uma vez que idiotas. Eles cercam, esperam, e te punem por cada movimento irreflectido. E você, mancando e conjurando glifos, tenta manter a compostura enquanto tudo te massacra uma vez que se fosse prova do ENEM mágico.
A comunidade da Steam tá dividida entre “obra-prima subestimada” e “por que eu fiz isso comigo?”.
Um usuário disse: “Cada vitória é uma conquista pessoal, cada roteiro é uma prelecção sobre minha arrogância.” Eu chamo isso de sábado à noite generalidade jogando roguelite.
Se você pegar Bloodborne, misturar com Slay the Spire e juntar uma colher de Darkest Dungeon, vai chegar perto. Mas o jogo também tem uma vibe de “livro vivo” que lembra Control — aquele tipo de estética que te faz encontrar bonito até o que te mata.
A Broken Cane conseguiu um tanto vasqueiro: fazer um roguelite que parece uma peça de arte, sem parecer pretensioso.
É introspectivo, mas também explosivo quando precisa.
É filosófico, mas não te obriga a fazer doutorado pra entender.
E o melhor: não tem tutorial de 20 minutos explicando que “marchar é com o WASD”.
O jogo é sobre conhecimento — e sobre uma vez que buscar demais pode te destruir. É literalmente o “curioso matou o gato”, só que o gato agora é uma entidade de tinta e você é o idiota curioso. Tem um subtexto sobre vício, vaidade intelectual e o preço da preocupação.
Ou seja, um retrato leal de qualquer mesa de TCC.
E, evidente, tudo isso embalado num roguelite de magia onde você morre mais do que vive. Mas tudo muito, porque em Aris Arcanum, até morrer é poético.
Aris Arcanum é uma vez que aquele vinil vasqueiro que você encontra em um sebo: lindo, atmosférico, referto de história… e completamente inútil se você não tiver paciência pra rodopiar o disco inteiro. Mas, se você entrar no clima, ele te engole. A Broken Cane fez um roguelite pra quem não quer decorrer — quer submergir, tropicar, aprender e filosofar. Não é um jogo de ação; é uma experiência de decadência elegante. Se Hades é o primo atlético que malha e brilha no Instagram, Aris Arcanum é o tio rabugento que lê Schopenhauer e ainda joga Diablo II em 800×600. E sabe de uma coisa? Eu saudação mais o tiozão.

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