Início » Bossfight Tactics mistura roguelike tático e sarcasmo retro
O roguelike tático que tenta ser gênio, mas às vezes tropeça no próprio cadarço!
Rapaziada, eu cresci na dezena de 80, quando videogame era tela preta e branca piscando no ZX Spectrum ou no MSX, e a imaginação fazia 80% do trabalho. Quer sentir a emoção de um jogo novo? Era esperar meia hora a fita cassete carregar pra, no termo, dar load error e a gente fingir que tava tudo muito. Pois muito, agora me vem esse tal de Bossfight Tactics (lançado em 2025) querendo me vender a teoria de que reinventou a roda dos táticos em turnos. E olha, vou dar o braço a torcer: em alguns momentos até parece mesmo. Mas em outros, é só aquele carrinho de rolimã pintado de Ferrari.
O grande “gimmick” do jogo é o seguinte: você vence uma partida, monta aquela build absurda que só faltou quebrar a verdade, e pronto: o seu time vira o chefão da próxima run. Bonito no papel, estiloso no trailer, mas sabe porquê isso soa pra um tiozão porquê eu? Parece aquelas brigas de bar dos anos 80: você bate no sujeito hoje e amanhã ele aparece porquê segurança da porta, mais potente, mais rebelde e pronto pra entregar na mesma moeda.
É criativo? É. É inovador? Talvez. Mas no termo, é só a mesma tática que meu vizinho usava no ZX Spectrum: gravava o placar mais basta no caderno e esfregava na minha rostro depois.
A mecânica lembra Into the Breach — você vê as “intents” do inimigo, sabe o que vai suceder, e tem que bolar o quebra-cabeça perfeito. Mas cá o tabuleiro é mais compacto, quase um xadrez de pochete, e as sinergias são a grande diversão. Juntar itens e poderes e ver tudo explodir em dano é gostoso, não nego. É porquê encaixar peça em Tetris no último segundo.
Mas também tem o outro lado: às vezes a coisa desanda e parece mais loteria que planejamento. É aquela sensação de você jogar três horas e perceber que o sucesso dependia menos do seu brilhantismo e mais da boa vontade do RNG. No MSX, quando a bolinha do Breakout passava entre duas barras sem você conseguir reclinar, era bug. Cá, chamam de “design emergente”.
Os melhores momentos do jogo são quando você acha uma combinação que transforma a tela num espetáculo de partículas. É tipo Slay the Spire em versão pocket: você junta meia dúzia de cartas/item/efeito e pronto, o inimigo vira estatística.
Só que o mesmo jogo que te dá isso também te entrega a frustração absoluta quando a build não vem. Aí você se sente porquê eu me sentia jogando Knightmare no MSX: morrer no primeiro estágio por culpa de revérbero procrastinado e voltar tudo do zero. A diferença é que naquela estação eu xingava a fita; cá eu xingo o algoritmo.
Vamos falar a real: Bossfight Tactics não vai lucrar prêmio de direção de arte. Os gráficos são fofinhos, limpos, dá pra entender o que tá acontecendo sem restringir a rostro na tela. Mas não tem aquele charme que gruda na retina. Nos anos 80, até jogo em preto e branco tinha mais personalidade. Era simples, mas marcava. Cá é só… funcional. Bonitinho, mas não enche álbum de figurinha.
A trilha sonora? Ok. Funciona porquê aquele rádio de rima tocando sertanejo enquanto você tenta concentrar no baralho. Não incomoda, mas também não vai pra playlist do Spotify.
O jogo tenta lastrar runs rápidas com repto jacente. Só que o resultado é uma montanha-russa: em uma partida você vira um rolo compressor imparável; na outra, um mob aleatório te destrói e você volta pro menu antes mesmo de aquecer os dedos.
É porquê se cada run fosse um dirigente do Mega Man 2: às vezes você entra com a arma certa e ele cai em segundos; às vezes você escolhe incorrecto e colheita até perder a paciência.
Eu já falei, mas vale repetir: o RNG é o verdadeiro chefão do jogo. Quando ajuda, você se sente Newton descobrindo a seriedade; quando não, parece que o universo conspira contra. É aquele contratempo clássico de furar pacote de figurinha e só vir goleiro suplente.
E o mais engraçado é que os devs vendem isso porquê secção da perdão. “Ah, mas faz secção da experiência roguelike”. Desculpa, mas no meu tempo isso se chamava “má sorte” e era motivo pra percutir na TV até a imagem voltar.
Into the Breach: a versão chique, premiada e que virou referência. Bossfight Tactics tenta ingerir dessa manadeira, mas parece aquele primo que copia a prelecção de vivenda e ainda erra umas contas.
Slay the Spire: quando o motor de combos engata, lembra a sensação de montar deck perfeito. Só que cá a engrenagem range mais.
Final Fantasy Tactics: o primo distante, que não tem nem metade da sofreguidão, mas insiste em usar o mesmo sobrenome na sarau da família.
Darkest Dungeon: ambos têm a montanha-russa emocional, mas DD pelo menos tinha narrador com voz de trovão. Cá, você só tem sua própria raiva em estéreo.
Bossfight Tactics é um daqueles jogos que você respeita mais pela teoria do que pela realização. O lance de virar o chefão é realmente genial, o combate é viciante quando funciona, mas o pacote universal ainda tem cheiro de “falta ajuste fino”.
Eu, que joguei Metal Gear quadrilátero no MSX 2 e sabia diferenciar pixel de arbusto pela cor do verdejante, digo com tranquilidade: o jogo é bom, mas não é revolução. Ele entrega aquele loop “só mais uma run” que engana o cérebro até 3 da manhã, mas às vezes deixa a sensação de que você foi traído. Bossfight Tactics é aquele fliperama da esquina que você respeita porque é provocador, mas sabe que foi montado com peças usadas. Diverte, vicia, faz você se sentir gênio… até o RNG lembrar que você não passa de mais um jogador azarado.
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