Bossfight Tactics mistura roguelike tático e sarcasmo retro

Bossfight Tactics mistura roguelike tático e sarcasmo retro

5 minutos 27/09/2025

O roguelike tático que tenta ser gênio, mas às vezes tropeça no próprio cadarço!

Rapaziada, eu cresci na dezena de 80, quando videogame era tela preta e branca piscando no ZX Spectrum ou no MSX, e a imaginação fazia 80% do trabalho. Quer sentir a emoção de um jogo novo? Era esperar meia hora a fita cassete carregar pra, no termo, dar load error e a gente fingir que tava tudo muito. Pois muito, agora me vem esse tal de Bossfight Tactics (lançado em 2025) querendo me vender a teoria de que reinventou a roda dos táticos em turnos. E olha, vou dar o braço a torcer: em alguns momentos até parece mesmo. Mas em outros, é só aquele carrinho de rolimã pintado de Ferrari.

A teoria que parece boa até demais: você vira o chefão

O grande “gimmick” do jogo é o seguinte: você vence uma partida, monta aquela build absurda que só faltou quebrar a verdade, e pronto: o seu time vira o chefão da próxima run. Bonito no papel, estiloso no trailer, mas sabe porquê isso soa pra um tiozão porquê eu? Parece aquelas brigas de bar dos anos 80: você bate no sujeito hoje e amanhã ele aparece porquê segurança da porta, mais potente, mais rebelde e pronto pra entregar na mesma moeda.

É criativo? É. É inovador? Talvez. Mas no termo, é só a mesma tática que meu vizinho usava no ZX Spectrum: gravava o placar mais basta no caderno e esfregava na minha rostro depois.

Combate: xadrez de pochete

A mecânica lembra Into the Breach — você vê as “intents” do inimigo, sabe o que vai suceder, e tem que bolar o quebra-cabeça perfeito. Mas cá o tabuleiro é mais compacto, quase um xadrez de pochete, e as sinergias são a grande diversão. Juntar itens e poderes e ver tudo explodir em dano é gostoso, não nego. É porquê encaixar peça em Tetris no último segundo.

Mas também tem o outro lado: às vezes a coisa desanda e parece mais loteria que planejamento. É aquela sensação de você jogar três horas e perceber que o sucesso dependia menos do seu brilhantismo e mais da boa vontade do RNG. No MSX, quando a bolinha do Breakout passava entre duas barras sem você conseguir reclinar, era bug. Cá, chamam de “design emergente”.

Sinergias: quando funciona, você é Deus; quando não, você é piada

Os melhores momentos do jogo são quando você acha uma combinação que transforma a tela num espetáculo de partículas. É tipo Slay the Spire em versão pocket: você junta meia dúzia de cartas/item/efeito e pronto, o inimigo vira estatística.

Só que o mesmo jogo que te dá isso também te entrega a frustração absoluta quando a build não vem. Aí você se sente porquê eu me sentia jogando Knightmare no MSX: morrer no primeiro estágio por culpa de revérbero procrastinado e voltar tudo do zero. A diferença é que naquela estação eu xingava a fita; cá eu xingo o algoritmo.

O visual: fofo funcional, mas zero memorável

Vamos falar a real: Bossfight Tactics não vai lucrar prêmio de direção de arte. Os gráficos são fofinhos, limpos, dá pra entender o que tá acontecendo sem restringir a rostro na tela. Mas não tem aquele charme que gruda na retina. Nos anos 80, até jogo em preto e branco tinha mais personalidade. Era simples, mas marcava. Cá é só… funcional. Bonitinho, mas não enche álbum de figurinha.

A trilha sonora? Ok. Funciona porquê aquele rádio de rima tocando sertanejo enquanto você tenta concentrar no baralho. Não incomoda, mas também não vai pra playlist do Spotify.

Dificuldade: picos de estresse dignos de dirigente do Mega Man

O jogo tenta lastrar runs rápidas com repto jacente. Só que o resultado é uma montanha-russa: em uma partida você vira um rolo compressor imparável; na outra, um mob aleatório te destrói e você volta pro menu antes mesmo de aquecer os dedos.

É porquê se cada run fosse um dirigente do Mega Man 2: às vezes você entra com a arma certa e ele cai em segundos; às vezes você escolhe incorrecto e colheita até perder a paciência.

O eterno cabrão expiatório chamado RNG

Eu já falei, mas vale repetir: o RNG é o verdadeiro chefão do jogo. Quando ajuda, você se sente Newton descobrindo a seriedade; quando não, parece que o universo conspira contra. É aquele contratempo clássico de furar pacote de figurinha e só vir goleiro suplente.

E o mais engraçado é que os devs vendem isso porquê secção da perdão. “Ah, mas faz secção da experiência roguelike”. Desculpa, mas no meu tempo isso se chamava “má sorte” e era motivo pra percutir na TV até a imagem voltar.

Comparações inevitáveis (e ácidas)

Into the Breach: a versão chique, premiada e que virou referência. Bossfight Tactics tenta ingerir dessa manadeira, mas parece aquele primo que copia a prelecção de vivenda e ainda erra umas contas.

Slay the Spire: quando o motor de combos engata, lembra a sensação de montar deck perfeito. Só que cá a engrenagem range mais.

Final Fantasy Tactics: o primo distante, que não tem nem metade da sofreguidão, mas insiste em usar o mesmo sobrenome na sarau da família.

Darkest Dungeon: ambos têm a montanha-russa emocional, mas DD pelo menos tinha narrador com voz de trovão. Cá, você só tem sua própria raiva em estéreo.

Tiozão do ZX/MSX

Bossfight Tactics é um daqueles jogos que você respeita mais pela teoria do que pela realização. O lance de virar o chefão é realmente genial, o combate é viciante quando funciona, mas o pacote universal ainda tem cheiro de “falta ajuste fino”.

Prós:

  • Teoria criativa de “vencer e virar o chefão” dá frescor ao gênero.
  • Combate tático expediente e satisfatório quando a sinergia encaixa.
  • Interface limpa e intuitiva, sem poluição visual.
  • Runs rápidas, boas pra “só mais uma partida” que vira madrugada.

Contras:

  • Sujeição exagerada do RNG: ou você quebra o jogo, ou ele quebra você.
  • Pico de dificuldade inconsistente, variando entre passeio e surra.
  • Visual genérico, sem identidade potente.
  • Variedade limitada: depois de algumas horas, a sensação de repetição bate potente.

Nota Final: 6/10

Eu, que joguei Metal Gear quadrilátero no MSX 2 e sabia diferenciar pixel de arbusto pela cor do verdejante, digo com tranquilidade: o jogo é bom, mas não é revolução. Ele entrega aquele loop “só mais uma run” que engana o cérebro até 3 da manhã, mas às vezes deixa a sensação de que você foi traído. Bossfight Tactics é aquele fliperama da esquina que você respeita porque é provocador, mas sabe que foi montado com peças usadas. Diverte, vicia, faz você se sentir gênio… até o RNG lembrar que você não passa de mais um jogador azarado.

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