Criadores de Metal: Hellsinger fecha as portas

Criadores de Metal: Hellsinger fecha as portas

4 minutos 06/10/2025

Funcom manda todo mundo pro inferno (sem trilha sonora dessa vez) e encerra o estúdio que ousou transformar headbanging em mecânica de gameplay.

Ah, venustidade. Mais um estúdio talentoso indo pro buraco enquanto corporações seguem empilhando lucros.
O The Outsiders, aquele estúdio sueco responsável pelo glorioso Metal: Hellsinger, oficialmente bateu as botas. A Funcom — sua empresa-mãe, famosa por decisões corporativas tão frias quanto um servidor europeu às 3h da manhã — resolveu dar um CTRL+ALT+DELETE em tudo, e pronto. Game over.

O pregão veio do David Goldfarb, o face que basicamente segurava a guitarra e o volante desse inferno rítmico, que agora virou ex-estúdio.

Nas palavras dele: “não tive muito tempo pra processar, mas o estúdio de 10 anos será fechado”.

Tradução: “a gente sobreviveu a um cancelamento, criou um jogo incrível, fez sucesso, e mesmo assim a galera do terno achou melhor desligar as luzes.”

Metal: Hellsinger era o tipo de jogo que merecia viver

Vamos deixar uma coisa clara: Metal: Hellsinger era arte.

E não aquele papo indie pretensioso tipo “ah, meu jogo tem pixel art e uma trilha chiptune introspectiva”. Não, irmão. Era metal, tiro e ritmo.

Um FPS onde você atirava na batida da música, cada headshot virava uma nota de guitarra, e o inferno inteiro pulsava junto contigo.

Era o conúbio perfeito entre DOOM e Guitar Hero, com um sistema de ritmo tão viciante que até quem nunca curtiu metal saía do jogo ouvindo Arch Enemy e Trivium. Mas, simples, num mundo onde Battle Royale de celular e simulador de fazendinha NFT dominam o mercado, a ousadia criativa é punida com a exoneração coletiva.

Funcom: destruindo sonhos desde sempre

A Funcom, que controla o The Outsiders, fez o que qualquer megacorporação faria quando vê um estúdio talentoso demais pra obedecer: demitiu universal. Eles chamam isso de “restruturação”. Eu chamo de “anti-criatividade com lucro otimizado”.

O mesmo pessoal que segurou o trampo depois do cancelamento de Darkborn (aquele jogo promissor que foi arrancado da tomada no último minuto) agora viu sua história ser encerrada com uma planilha do Excel.

O Goldfarb até tentou manter o espírito vivo, dizendo que quer continuar “de uma novidade forma”.
Mas a real é que, no momento, a indústria tá mais pra “The Outsourced” do que The Outsiders.

10 anos de luta e um legado que vai repetir

O The Outsiders durou uma dezena, o que, no ritmo em que o mercado devora desenvolvedores hoje, é quase uma perpetuidade. Eles criaram um pouco que poucos estúdios conseguem: um jogo com identidade.

Metal: Hellsinger (2022) não era só um jogo — era uma enunciação de guerra contra a mediocridade.
Enquanto todo mundo tentava “reinventar o FPS” com perkzinhos e loot box colorida, os suecos disseram:

“E se o inferno tivesse um BPM?”

E o resultado foi uma das experiências mais intensas da dezena.

Atirar, recarregar e até recitar sua fúria no compasso de blast beats era um pouco catártico.

Era uma sinfonia de ruína — e o jogador era o maestro.

A morte anunciada da originalidade

Cada vez que um estúdio assim fecha, o mundo fica um pouco mais… plano. A gente vai se afogando num oceano de “sequências seguras”, “spin-offs conectados” e “serviços live com pass de temporada”.

É o funeral da rebeldia criativa. E o mais irônico? O nome do estúdio era The Outsiders — os de fora. E eles realmente ficaram de fora do sistema.

A Funcom poderia ter investido, oferecido um novo projeto, uma sequência, ou pelo menos uma despedida decente.
Mas não, preferiu desligar a amplificadora e fingir que zero aconteceu.

Enquanto isso, “jogos sem psique” seguem sendo lançados todo mês com trailers genéricos e dublagens de IA dizendo “o porvir é agora”. Parabéns, indústria. Vocês transformaram o inferno em planilha.

RumbleTech Veredito: o inferno perdeu a batida

O fechamento do The Outsiders é mais uma cicatriz no corpo estragado da indústria moderna. Um estúdio pequeno, com uma visão autêntica, que criou um dos jogos mais criativos dos últimos anos — engolido pelo sistema corporativo que só entende lucro trimestral.

E o pior é que ninguém parece aprender. Daqui a pouco, outro time genial vai ser “reorganizado”, outro projeto incrível vai ser cancelado, e o ciclo vai continuar até o dia em que todos os jogos forem somente serviços live gerados por IA e supervisionados por CFOs que nunca seguraram um controle na vida.

Mas, ó, Metal: Hellsinger não vai morrer. A trilha dele ainda ressoa em cada um que pegou uma 12 e sincronizou o disparo com o bumbo da bateria.

E enquanto ainda existirem devs dispostos a gritar contra o sistema, o espírito do The Outsiders continua vivo. O estúdio morreu, mas o legado continua gritando em blast beat.

“Long live The Outsiders. Long live the noise.” 🔥🤘

Fonte

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