Formula Legends: o F1 Spirit com penacho cabeçudo!
Ah, molecada, senta que o tiozão cá vai recontar. Eu jogava F1 Spirit no MSX em 1987, quando gráfico era pixel de batata e o estrondo do motor parecia abelhão dentro da lata de Nescau. Agora em 2025 me aparece Formula Legends, um tal de “sim-cade” que mistura simulador com arcade, mas com carrinhos deformados e capacetes que parecem melancia. É tipo recrear de Mario Kart no Supercine, mas com recta a pneus slick e penalidade por trinchar curva.
A teoria dos italianos da 3D Clouds é até formosa: recontar a história da Fórmula 1 em 95 corridas, começando lá em 1968, quando piloto usava macacão que parecia pijama de presidiário e o risco de virar churrasquinho era real. Aí você passa pelos anos 70, 80, chega nos monstros dos anos 90, vê a era Schumacher nos 2000, o híbrido nos 2010 e cai nos foguetes computadorizados de hoje.
E sim, você sente a diferença: coche macróbio é um sabão no pavimento, coche novo gruda que nem super bonder. Tem até WRS (que é DRS com nome de pobre) e o tal boost de vigor reciclada dos freios. Lícito, mas dá uma bugada na cabeça porque você olha o carrinho fofinho e ele te joga mecânica de simulador de verdade.
A jogabilidade é uma salada: tem desgaste de pneu, consumo de combustível, clima dinâmico, penalidade se trinchar curva e pit stop com minigame. Parece simulador sério, mas aí vem a veras:
Cortou curva? Toma punição na hora, igualzinho FIA em 2021.
Escolheu pneu incorrecto na chuva? O jogo finge que não viu e deixa você voar tranquilo, uma vez que se fosse Hamilton em Interlagos 2021.
É essa inconsistência que mata: um pedaço é simulador hardcore, outro é arcade moleque. É tipo churrascaria que serve picanha top e logo depois traz salsicha murcha.
Sem licença solene, o jogo inventa nomes. Spa vira “Ardennes GP”, Silverstone é “Old Prestige GP”, Mônaco é “Riviera Streets GP”. Mas as curvas estão lá, o túnel de Mônaco também, logo você reconhece fácil. E cada pista vem em versão Vintage, Classic e Modern, com recta a layout dissemelhante e arquibancada que cresce junto com o tempo.
As equipes também são paródias:
McLaden (McLaren)
Sobber (Sauber)
Pentault (Renault)
Merkseds (Mercedes)
E os pilotos são um show à segmento: Batteri Voltas (Bottas), Luis Hammerton (Hamilton), Mike Shoemaker (Schumacher) e Felist Masso (Tamanho). Dá vontade de comprar o álbum da Panini só por essas pérolas.
O jogo é bonitinho, com arte cartunesca que engana muito. Carros deformados mas simpáticos, pistas reconhecíveis e clima de ilustração entusiasmado. Só que às vezes a textura do cenário vira alguma coisa digno do MSX em 1987: serrilhado, granulagem, rosto de jogo de celular. Não atrapalha na corrida, mas você sente que o motor gráfico tá pedindo arrego.
Formula Legends é tipo aquele VHS de corrida dos anos 90 que você alugava na locadora: risonho, pleno de paixão pela Fórmula 1, mas mal editado. O jogo quer ser homenagem e acaba ficando em cima do muro — nem arcade totalidade, nem simulador de reverência.
Se você levar na esportiva, dá pra rir, se divertir e lembrar dos tempos que jogava F1 Spirit achando que era Nelson Piquet. Agora, se você quer precisão de telemetria, volta pro iRacing ou pro F1 solene da Codemasters.
Formula Legends é um amplexo carinhoso à Fórmula 1 com luva furada. Se você governanta a categoria, vai rir dos nomes falsos, curtir as pistas e relevar as mancadas. Se você é purista, vai ringir os dentes e lembrar do velho F1 Spirit do MSX, que fazia mais com menos. E, olha, eu joguei de tudo: de Nigel Mansell’s World Championship no SNES até GP2 no PC. Logo acredite quando digo: Formula Legends é risonho, mas precisa de pit stop urgente.
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