Karate Survivor: voadoras, mop assassino e repetição

Karate Survivor: voadoras, mop assassino e repetição

4 minutos 30/08/2025

Olha… eu já tô ficando velho demais pra esse tipo de moda passageira de “Survivors-like”. Lá nos anos 80, quando a gente se matava pra rodar Karateka no monitor de tubo, o “sobreviver” era não queimar a fonte do MSX ou não levar bicuda da mãe porque ocupava a TV da sala.

Hoje em dia, qualquer clone de Vampire Survivors aparece, joga um punhado de inimigo na tela e pronto: “olha mamãe, inventei um gênero!”. E não é que funciona? Pois é, agora temos Karate Survivor, que basicamente é você bancando um Jackie Chan genérico de camelô, distribuindo bica em vagabundo com tudo que encontrar pelo cenário.

A premissa: todo objeto é uma arma (inclusive sua dignidade)

O jogo pega a velha lógica de filmes dublados da Band às duas da tarde: você tá num bar caindo aos pedaços, inimigos vêm em ondas, e o que tiver por perto vira ferramenta de destruição. Um pano de chão vira chicote, uma cadeira vira katana improvisada, e até um saco de lixo serve pra carimbar a fuça do inimigo. O tio aqui já viu muito filme de Bruce Lee com garrafa quebrada, mas nunca pensei que ia derrotar uma gangue inteira usando… um cabide de ferro.

E como se não bastasse, o jogo ainda te dá um sistema de combos automáticos, com até seis movimentos que podem ser melhorados. É tipo enfileirar movimentos de luta num VHS que insiste em pular faixa — você monta a sequência, reza pra sair bonito, e torce pra não errar na hora que a tela virar um carnaval de pixels.

As fases: do boteco ao canteiro de obra

O mais curioso é que o map design até tenta não ser genérico. Tem bar, metrô, obra de construção e até escritório com aquelas cadeiras giratórias que a gente sempre quis tacar em alguém do RH. Só que aqui, diferente da vida real, elas realmente funcionam como arma. E olha, dá até gosto: derrubar inimigos derrubando andaimes ou explodindo caixas d’água me trouxe flashbacks de quando eu derrubei o guarda-roupa do meu quarto tentando instalar uma antena de TV no teto em 1993. Trauma puro.

Mecânica de progresso: suor, lágrimas e grinding

Agora, segura a corneta: a progressão é mais lenta que internet discada em dia de chuva. Você rala, morre, volta, repete. Claro, esse tipo de jogo vive disso — morrer mil vezes até virar um semideus de calça jeans — mas aqui o grind pesa. Não é como em Army of Ruin ou até Brotato, que te recompensam logo de cara. Aqui, você vai suar sangue até ter aquele combo de chute rodado que realmente vale a pena. E quando consegue… já é hora de desligar porque o expediente do trabalho começa em 20 minutos.

Audiovisual: 16-bit raiz e som de fliperama quebrado

Os gráficos? 16-bit honesto, estilo Mega Drive de camelô, o que pra mim é um baita elogio. A estética arcade retrô realmente cola no tema, e a trilha sonora bate forte: sintetizador, barulhinho de soquinho, e aquele efeito de “pancada seca” que parece gravação de frango cru sendo esmagado. O pacote audiovisual não reinventa nada, mas traz o clima certo: anos 80, VHS chiando e um balde de pipoca murcha.

Prós:

  • Combate divertido: jogar cadeira na cara dos inimigos nunca fica velho.
  • Variedade de cenários e armas improvisadas: cada fase é um playground da violência criativa.
  • Trilha sonora arcade: parece que saí direto de um fliperama fedendo a cigarro em 1992.

Contras:

  • Repetição bate forte: depois de algumas runs, a fórmula começa a cansar.
  • Progressão lenta: demora pra sentir que você realmente está mais forte.
  • Poucas fases: quando finalmente pega o ritmo, o jogo acaba.

Nota Final: 6/10

No fim das contas, Karate Survivor é aquele jogo que a gente respeita pela zoeira, mas sabe que não vai virar clássico. É divertido, é caótico, e sim, dá vontade de jogar “só mais uma” até perceber que já são 3h da manhã e amanhã tem boleto pra pagar. Mas também é limitado, meio repetitivo e não entrega tanto quanto poderia. Se fosse lançado nos anos 90, eu com certeza ia gastar minha mesada inteira no fliperama jogando isso, mas em 2025, com tanto clone de Survivors por aí, ele fica no meio da tabela. Nota: 7/10, e olha que eu tô sendo generoso porque sempre quis dar voadora usando um mop.

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