Mistério noir renasce em The Last Case of John Morley

Mistério noir renasce em The Last Case of John Morley

5 minutos 29/11/2025

Por Kazin Mage — o mago-detetive que investiga crimes, conjura sarcasmo e destranca portas com ironia arcana!

Ajeitem seus sobretudos imaginários, polam suas lupas místicas e acendam aquela lamparina amarelada que deixa sombra dramática na parede, porque hoje vamos submergir em The Last Case of John Morley, um jogo que pega a estética noir dos anos 40, mistura com tragédia, poeira emocional e fumaça de cigarro imaginário, e nos entrega um drama policial embalado com mais melancolia do que final de temporada de série britânica. Eu, Kazin Mage — perito em feitiços e também em dramas desnecessariamente intensos — decidi vestir o chapéu de detetive, lastrar o cajado no ombro e encarar esse último caso de John Morley porquê se estivesse lendo um grimório proibido que insiste em não parar de sussurrar. O resultado? Uma experiência carregada de ambientação, narrativa contida, mistério tenso e aquele “peso” que só um bom noir sabe entregar.

Antes de falar da jogabilidade, é preciso entender o palco desse drama. The Last Case of John Morley começa com um dilema clássico, daqueles que fariam até Sherlock Holmes levantar a sobrolho: um detetive traumatizado, recém-saído de ferimentos graves, tentando reconstruir a própria vida, recebe a visitante de uma aristocrata elegante que traz um pedido estranho — reabrir o caso do assassínio da filha dela, ocorrido vinte anos detrás. E se você é porquê eu e nutriz quando o pretérito volta para morder o presente, prepare-se, porque esse jogo entrega exatamente isso.

A Londres retratada cá é sombria, úmida, desgastada, parecendo perpetuamente encharcada por uma chuva que nunca chega ao término. A cidade tem aquele tipo de melancolia que faz os postes de luz parecerem estrelas cansadas e os becos estreitos parecerem guardiões de histórias que deveriam permanecer enterradas. A ambientação não desperdiça nenhum pormenor: móveis gastos, papel de parede descascado, portas que rangem porquê se protestassem contra você, e aquela paleta de cores ocres, envelhecidas, que dão a sensação de estar olhando para uma retrato antiga que alguém deixou tombar dentro de um copo de uísque barato.

A narrativa funciona porquê um vestido de gala pleno de remendos: elegante, mas ainda exibindo seus cortes, cicatrizes e traumas. A Lady Fordside não é uma simples cliente desesperada, mas uma personagem enxurro de silêncio e olhares que dizem mais do que suas palavras. Já Morley carrega uma dor tão profunda que parece impregnar o ar — e você sente isso, mesmo quando ele não diz zero. É um noir clássico, daqueles que preferem sugerir em vez de mostrar, e eu confesso: porquê mago veterano que já leu histórias demais, eu aprecio essas nuances sombrias feitas de sombras e sons abafados.

Jogabilidade é uma das áreas onde o jogo não tenta complicar demais — e isso é um gabo. The Last Case of John Morley é um adventure investigativo em primeira pessoa que abraça com crença o formato “explore, observe, conecte”. Cada envolvente é uma pequena invólucro narrativa, enxurro de objetos sussurrando o pretérito, bilhetes escondidos detrás de gavetas rangentes, quadros tortos que parecem observar você conforme passa. O jogo quer que você olhe lentamente, examine tudo com calma, porquê se estivesse decifrando um mandinga que pode explodir se você pular uma risca da fórmula.

Você caminha por corredores que têm personalidade própria — alguns exalam orfandade, outros têm aquela sensação de “um pouco está absolutamente falso cá”, e alguns simplesmente parecem congelados no tempo, porquê se aguardassem o retorno de um fantasma que perdeu o caminho. Essa sensação de estar participando de um ritual investigativo é reforçada pelos momentos em que você deve reconstruir cenários de delito, interpretando pistas, alinhando fragmentos e tentando montar o quebra-cabeça emocional das pessoas envolvidas.

É verdade que alguns puzzles são relativamente simples, mas cá isso não importa tanto. Eles não existem para te impedir, mas para te colocar dentro do ritmo dessa história lenta, pesada e meticulosa. A sensação é de estar sempre um passo detrás da verdade, o que é ótimo — porque quando ela finalmente aparece, dói.

E simples: não espere combate, perseguições cinematográficas ou escolhas ramificadas que mudem o tramontana do mundo. Oriente é um jogo que diz:

“Você está cá para entender o que aconteceu. Zero mais. Zero menos.” Uma vez que mago habituado a efeitos pirotécnicos, confesso que adorei esse minimalismo narrativo.

Noir é um gênero que depende muito de personagens fortes — ou pelo menos de personagens com segredos suficientes para você suspeitar de todos eles. The Last Case of John Morley tenta entregar isso de forma mais contida, sem exageros, mas com eficiência. Morley é um protagonista que fala pouco, mas carrega um mundo de sofrimento e resignação no olhar — e isso diz muito mais do que qualquer solilóquio faria.

Os personagens secundários, por outro lado, variam. Alguns são interessantes, cheios de nuances, enquanto outros parecem rígidos demais, quase porquê se ainda estivessem ensaiando para entrar em cena. Há momentos em que as conversas parecem mais decoradas do que naturais, mas, no universal, cumprem o papel de te manter intrigado. E isso, meu custoso noviço, é importante num noir: suspeitar até da sua própria sombra.

O jogo aposta muito em olhares, silêncios, trejeitos e na trilha sonora que toca baixinho enquanto você tenta interpretar alguma frase ambígua. Uma vez que detetive temporário e mago permanente, devo permitir: poucas coisas dão mais prazer do que entender um personagem pelas entrelinhas, e Morley é um prato pleno nesse sentido.

  • Atmosfera noir impecável, densa e evocativa.
  • Ambientes belíssimos e cheios de personalidade.
  • Mistério muito orientado, com ritmo permanente.
  • História curta, intensa e emocionalmente eficiente.
  • Puzzles que complementam o clima em vez de atrapalhar.

Contras:

  • Linearidade elevada e pouca rejogabilidade.
  • Alguns diálogos e NPCs parecidos demais com manequins falantes.
  • Pequenos bugs de animação ou polimento.
  • Interatividade limitada — não espere múltiplos finais complexos.

Nota Final: 8/10

Um bom noir vive e morre pelo final. Não adianta te impelir pela névoa, te fazer suspeitar de todo mundo, te fazer montar teorias dignas de um mago paranoico… se na hora da revelação, tudo desmorona porquê um forte de cartas conjurado sem mana suficiente. Felizmente, The Last Case of John Morley acerta o tom. Não espere explosões, reviravoltas hollywoodianas ou aquele “plot twist de cinco camadas”. O final cá é: elegante, soturno, doloroso, inevitável, e absolutamente congruente. É o tipo de desfecho que te faz fechar o jogo, recostar na cadeira, e pensar no peso de certas verdades. É noir. É triste. É realista. É honesto. E no contexto da história, funciona justamente porque não tenta ser maior do que deveria. Eu, Kazin Mage, jurado de delito e conjurador de sarcasmo, saí satisfeito.

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