My Friendly Neighborhood Review – Fantoches assassinos

My Friendly Neighborhood Review – Fantoches assassinos

4 minutos 30/08/2025

Aos MAIORES de 30 anos: lembra quando a gente assistia Vila Sésamo na TV Cultura e pensava: “pô, se esse Elmo tivesse um surto psicótico ia dar um jogão”? Pois é, My Friendly Neighborhood fez exatamente isso, só que com uma cara de jogo indie que decidiu misturar Resident Evil clássico com fantoches falantes e fitas de videocassete mofadas. E olha… deu certo!

O jogo é quase um “Meu Primeiro Resident Evil”, mas sem aquele banho de sangue que faria sua vó desligar o console e mandar você estudar tabuada. Aqui, em vez de zumbis babando e tripas espalhadas, temos bonecos sorridentes querendo te abraçar até a morte. É tipo quando sua tia do pavê chega no Natal, só que em versão pesadelo.

História – só queria ir pra casa, mas o Elmo satânico não deixou

Você controla o Gordon, um pobre coitado que trabalha de manutenção (já começa o terror aí, né?). O cara só queria desligar uma antena de TV e vazar, mas acaba preso num estúdio abandonado onde um programa infantil cancelado resolveu voltar do além.

Os bonecos, que deveriam ensinar vogais pras criancinhas, resolveram dar “aula prática” de MMA. E a cara do Gordon não é de pavor, não. O bicho parece mais irritado, tipo: “ah pronto, vou perder a reprise de Chaves por causa de fantoche psicopata”.

Gameplay – tiro, porrada e… fita adesiva

Aqui vem a mágica: em vez de dar tiro de doze em cabeça podre, você atira letras do alfabeto nos bichos. Isso mesmo: bala de “A, B, C” no lombo do Barney genérico. Se fosse no Brasil, o Gordon tava é tacando cartilha Caminho Suave na fuça dos inimigos.

Só que tem um detalhe: os fantoches não ficam down pra sempre. Caiu hoje, levantou amanhã. Se você não quiser ver a mesma marionete te perseguindo na volta, tem que colar os infelizes com fita adesiva. E, claro, a fita é mais rara que lanche barato em evento de anime. Resultado? Você passa metade do jogo com medo não dos fantoches, mas de gastar fita como se fosse rolo de filme nos anos 80.

É quase um Resident Evil versão bonecos do Castelo Rá-Tim-Bum, com inventário limitado, puzzles com cara de “quem fez isso estudou engenharia de portão automático” e aquele nervosinho bom de survival horror raiz.

Climão – terror fofinho, mas ainda terror

Não espere gore, tripa, sangue jorrando… aqui o terror é no psicológico e no bizarro. É aquele desconforto de ver um fantoche fofinho falando sozinho no escuro, repetindo frases sem sentido tipo político em época de eleição.

Às vezes é até engraçado: você toma um tapa de fantoche e o Gordon solta um “vou sentir isso de manhã”. Parece tiozão reclamando da lombar depois de carregar sofá.

Mas o jogo sabe brincar com a atmosfera: corredores escuros, sussurros, e aquelas vozinhas irritantemente alegres que fariam até o Jason pedir silêncio. É o terror perfeito pra quem curte tensão, mas não tem estômago pra tripa voando.

Puzzles – nível “manual de videocassete dos anos 90”

Os puzzles não são nenhum “Enigma de Einstein”, mas cumprem bem o papel. Coletar chave daqui, rodar engrenagem dali… tudo bem clássico.

O problema é que às vezes você se sente mais perdido que velho tentando configurar Wi-Fi. O mapa ajuda, mas aquele climão de estar num estúdio maldito sempre dá aquela sensação de “ferrou, vou rodar igual tiozão no supermercado procurando fermento”.

Trilha sonora e atmosfera – medo de karaokê infantil

Aqui o jogo brilha. Não tem orquestra épica, mas a trilha é certeira em criar desconforto. Tem música de fundo que parece saída de fita cassete da Xuxa rodando ao contrário. E quando o silêncio cai, você fica mais tenso que jogando Pac-Man na fase do kill screen.

Pontos fracos – o terror também erra

Nem tudo é perfeito. O último ato do jogo dá uma rateada. Parece que os devs gastaram toda a energia criativa nos primeiros capítulos e chegaram no final tipo eu na ceia de Natal: sem fôlego, mas tentando terminar só pra dizer que foi até o fim.

Além disso, a variedade de inimigos é um pouco limitada. Depois de ver o mesmo boneco te perseguindo pela enésima vez, você quase dá um “boa noite Cinderela” de tédio.

Prós:

  • Ideia genialmente idiota – Fantoche assassino em survival horror. Parece pegadinha do Faustão, mas funciona que é uma beleza.
  • Gameplay estilo Resident Evil raiz – Inventário limitado, puzzles clássicos e mecânica de fita adesiva que dá mais medo que os próprios inimigos.
  • Atmosfera única – Trilha sonora e vozes dos bonecos criam um terror desconfortável, sem precisar de tripas voando na tela.

Contras:

  • Final capenga – Último ato parece que foi feito na correria, sem o mesmo impacto do começo.
  • Variedade de inimigos limitada – Depois da décima vez vendo o mesmo fantoche correndo atrás de você, o medo vira raiva.
  • Puzzles às vezes mais chatos que difíceis – Tem hora que parece manual de videocassete dos anos 90: resolve na insistência, não na lógica.

Nota Final: 8/10

My Friendly Neighborhood é aquele jogo que surpreende. Parece uma piada pronta (“fantoche assassino, sério?”), mas entrega um survival horror honesto, criativo e divertido. É perfeito pra quem curte Resident Evil, mas não tá afim de pesadelo com zumbi mordendo canela. Daria pra ser melhor? Com certeza. O final deixa a desejar e o replay é limitado. Mas, no geral, é aquele tipo de game que você joga rindo, tenso e pensando: “mano, como ninguém pensou nisso antes?”. Porque se fantoche pode ser assustador, imagina quando a turma do Sítio do Picapau Amarelo ganhar seu survival horror. Já pensou fugir do Visconde de Sabugosa zumbi?

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