Ghost of Yōtei não é somente uma prolongamento místico de Tsushima: ele é o retrato de uma transição histórica no Japão
Enquanto Atsu iniciava sua caçada aos vilões que destruíram sua família em Ghost of Yōtei, o Japão atravessava uma viradela histórica. O país acabara de transpor de mais de um século de guerras civis (o caótico Período Sengoku), e a vitória de Tokugawa Ieyasu na Guerra de Sekigahara (1600) deu início ao Xogunato Tokugawa, um regime que controlaria o arquipélago até 1868. Esse marco inaugura o Período Edo, caracterizado por firmeza política, rígida jerarquia social e, em poucos anos, a política de sakoku, o isolamento do Japão em relação ao mundo.
Mas a tranquilidade do núcleo não significava tranquilidade nas bordas. Ao setentrião, em Ezo (atual Hokkaidō), a situação era muito dissemelhante: um território de fronteira, de climas extremos e tensões constantes, onde o clã Matsumae mantinha o domínio e explorava o transacção com os povos indígenas Ainu, impondo desigualdade e choque cultural. É justamente nesse palco, longe dos salões ordenados de Edo e mais próximo do indiferente das montanhas, que Ghost of Yōtei constrói a sua história de tramas políticas, vinganças e surpresas.
Ghost of Yōtei está ambientado em 1603, ano em que o Japão entra numa novidade tempo com a subida do Xogunato Tokugawa. Esse marco inaugura o Período Edo (1603–1868), uma das épocas mais longas e transformadoras da história japonesa. Para entender seu peso, é preciso olhar para trás e enxergar os séculos de conflitos que pavimentaram esse momento, com uma risco do tempo muito definida:
1185 – Kamakura: nasce o primeiro xogunato, consolidando os samurais porquê classe dominante.
1274 – Ghost of Tsushima: invasões mongóis ameaçam a ilhota de Tsushima, colocando os guerreiros japoneses à prova.
1333 – Queda do Kamakura: guerras internas e revoltas levam ao término do poder Minamoto.
1336–1573 – Muromachi/Ashikaga: o novo xogunato governa de Kyoto, mas sua poder é frágil, abrindo espaço para conflitos regionais.
1467 – Guerra Ōnin: início do Período Sengoku, século e meio de guerras civis entre daimyōs.
1600 – Guerra de Sekigahara: Tokugawa Ieyasu rota seus rivais e estabelece domínio.
1603 – Ghost of Yōtei: Ieyasu torna-se xogum, inicia o governo Tokugawa e dá forma ao Período Edo.
Com a vitória dos Tokugawa, o Japão finalmente encontra firmeza depois quase 150 anos de caos. O novo xogunato centraliza o poder em Edo (atual Tóquio) e impõe rígida jerarquia social, controle dos daimyōs e vigilância sobre qualquer prenúncio. É também a era do sakoku, a política de isolamento que fecharia o Japão ao Oeste por mais de dois séculos.
Dentro desse cenário, Ghost of Yōtei se destaca por situar sua narrativa no setentrião do Japão, em Ezo (atual Hokkaidō), uma região ainda considerada fronteira. Lá, o clã Matsumae explorava o transacção com os povos indígenas Ainu, estabelecendo uma relação tensa, de dominação e choque cultural. Esse tecido de fundo histórico dá ao jogo um tom dissemelhante de Tsushima: em vez de repelir uma invasão estrangeira, o foco está nas disputas de poder internas.
A protagonista, Atsu, não é uma samurai dividida pela honra, porquê Jin Sakai em Tsushima. Ela já começa sua jornada transformada pela perda: renunciou ao pretérito, ao nome e até à identidade para viver somente pela vingança. Sua luta não é pela resguardo de uma ilhota inteira contra um invasor estrangeiro, mas contra figuras específicas que personificam a injustiça e a depravação em Ezo.
Essa motivação dá um tom mais sombrio ao enredo. Ghost of Yōtei não fala de proteger uma pátria, mas de seguir até o término um caminho de sangue, mesmo quando ele prenúncio consumir a própria espírito de quem o trilha. E o grande duelo de Atsu são os Seis de Yōtei, organização que governa nas sombras, espalhando susto e vexame pela região. Dissemelhante de um vilão único porquê Khotun Khan, cada membro do grupo exerce domínio em seu território, controlando rotas de transacção e ostentando seu poder.
Essa estrutura fragmentada reflete o próprio pretérito do Japão, marcado por daimyōs rivais no Sengoku, mas também antecipa a lógica Tokugawa: um poder médio que se sustenta por controle e vigilância de cada secção do território. Por isso, enfrentar os Seis não será somente derrotá-los com a gládio, mas desvendar, investigar e se infiltrar até desmontar sua influência peça por peça.
Assim porquê Ghost of Tsushima capturou a tensão de 1274, quando os mongóis invadiram a ilhota e colocaram em xeque a sobrevivência japonesa, Ghost of Yōtei reflete a viradela de 1603: o término do caos e o início de uma ordem imposta a ferro e queimada. Enquanto no sul o xogunato estabelecia sua capital em Edo, no setentrião Atsu caminhava entre montanhas geladas, florestas densas e aldeias em ruínas, lidando com a violência que essa “tranquilidade” deixava à margem. E é justamente aí que a força de Yōtei aparece: mostrar que mesmo nos períodos chamados de firmeza, sempre havia fronteiras marcadas pelo conflito, pela exclusão e pela resistência.
Portanto, Ghost of Yōtei não é somente uma prolongamento místico de Tsushima: ele é o retrato de uma transição histórica — da guerra social para a ordem Tokugawa — vista a partir da borda mais fria e dura do arquipélago. Uma história de vingança, mas também de território, identidade e poder. O jogo será lançado oficialmente no próximo dia 2 de outubro, e já está em pré-venda na PS Store. Você pode conferir o que achamos do jogo aqui.
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