Início » ROUTINE entrega terror sujo, tenso e cheio de falhas lunares

ROUTINE — quando o horror espacial encontra orçamento de garagem (mas com muita vontade de assustar)!
Vocês lembram daquele jeitão old school de filme sci-fi barato, sabe? Luz fluorescente tremendo, áudio de televisão ensejo, metal rangendo, corredores apertados que te fazem pensar “quem projetou esse lugar tava chapado”? Pois muito — esse é o vibe de ROUTINE, da misteriosa (e provavelmente de reles orçamento) Lunar Software.
Eu coloquei a roupa espacial — de forma meio simbólica, mais mental do que real — respirei o ar rarefeito da base lunar (na fantasia mesmo), e fui encarar esse maluco que mistura Alien com SCP de ferro velho. Descobri que o horror ali não é desespero de gráfico AAA: é horror de gambiarra com paixão. E funciona — até quando não quebra mal-parecido.
ROUTINE não tenta te enganar com gráficos de última geração. Ele joga na rostro: “meu orçamento foi reles, meu design tem traumatismo, e o que não cabe em luz vem em som.” E o som, meu companheiro… esse sim te dói. Portas rangendo, cabos caindo, passos ecoando no metal, luz fluorescente piscando igual coração de tubarão prestes a lutar. Cada cantinho da estação lunar parece gritar: “corre, mané, que cá não é lugar pra herói”.
A estética suja — metal enferrujado, rachaduras, telas CRT, fios expostos — dá a sensação de estar jogando um filme de terror dos anos 80, gravado em VHS, com filtro de sujeira e chiado no áudio. Essa vibe “horizonte pós-falha” me lembrou os melhores (ou piores?) momentos de Event Horizon e os corredores claustrofóbicos de Alien: Isolation. A diferença? Cá a IA de monstros às vezes parece preguiçosa demais pra assustar de verdade, mas a atmosfera… ah, a atmosfera — essa sim bate pesado.
Se o jogo fosse um coche, seria aquele Fusca velho que você acha num tarega: enferrujado, rangendo, mas com espírito de sobrevivente. E por incrível que pareça: a espírito às vezes sustenta — até uma peça soltar.
Cá não tem laser, nem armas top de traço, nem poderes de sci-fi. A utensílio principal é a CAT — Cosmonaut Assistance Tool. É tipo teu canivete suíço espacial: abre portas, ativa terminais, mexe nos fusíveis, liga geradores, desbloqueia áreas.
Mas… ela NÃO te protege. Se um robô matador determinar que hoje é seu dia de sorte — bom, a CAT só vai mostrar quantos fios você errou. A diversão real é científica: puzzle + stealth + estrondo de metal no escuro.
Em muitos momentos, o jogo te obriga a parar, escutar, planejar. É porquê se dissessem: “esquece ação, esquece projéctil — você vai sobreviver com raciocínio e respiração pesada.” Isso dá uns momentos de tensão dignos: você suando enquanto ouve o rangido de uma porta que não deveria estar abrindo sozinha, vendo luz piscando, esperando o pior…
Esses momentos lembram jogos porquê SOMA, em que a prenúncio é mais existencial e absurda do que monstruosa. A diferença é que em SOMA a ficção tinha orçamento razoável; em ROUTINE, cada sala parece construída com sobras de sucata espacial.
E sabe uma coisa estranha? Isso até ajuda. No sentido “eu tô vulnerável, eu tô sozinho, eu tô fudido” — e esse pavor barato, massificado em luz trêmula e som metálico, às vezes é mais eficiente do que qualquer gráfico de última geração.
Acontece que nem sempre o charme barato segura a queda. A IA dos inimigos às vezes parece estar no modo “escoteiro dormindo de guarda”: lenta, previsível, mais atrapalhada do que assustadora. Há momentos em que dá vontade de mandar um recado: “acorda, maluco, olha pra mim!”.
Ou por outra, a jogabilidade, por apostar em investigação e stealth, arrasta o ritmo. Você se pega andando longos corredores, apertando terminais, voltando, pesquisando, numa dança de “vá-e-volta” que, em vez de aumentar o pavor, dá sono. O suspense desmancha nas sessões de “vá restringir botão, espera resposta, desliga luz, espera estrondo, corre pro escuro, acende luz, repete”. Depois de umas 2 horas, meu cérebro já pedia pizza, ou pelo menos um via pra transpor da estação.
E, por termo, a promessa dos 13 anos de espera: ela pesa. Quando o hype é cumeeira, esperar anos para finalmente jogar um título faz a expectativa virar mar de trevas. E se a base não for sólida — se a IA falhar, se o ritmo dropar — o jogo cai de paraquedas diretamente no limbo da recusa.
ROUTINE tenta lastrar tensão, horror e puzzle. Quando acerta, você sente insensível na espinha. Quando erra, você sente cansaço nos dedos.
Se ROUTINE fosse personagem de filme, ele seria aquele coitado que tenta sobreviver numa estação espacial velhíssima, com filtro de VHS e zero chances de upgrade. Um misto de Ash (do Alien) com trabalhador de manutenção de estação abandonada — sujo, tenso, desconceituado, mas tentando consertar o que quebraram.
Enquanto Alien: Isolation te dá contendedor implacável, SOMA te dá incerteza existencial, ROUTINE te dá… metal, silêncio e um desespero barato. Você não corre — você tenta sobreviver. Você não luta — você espera.
E a CAT? É tua lanterna, teu martelo, tua prece silenciosa. Só que é de plástico. E com fio desencapado.
Teve momentos em que eu realmente me senti recluso na estação: luz piscando, som metálico, galeria escuro, respiração pesada — e a sensação de que qualquer porta errada podia te engolir. Coração veloz, suor insensível, aquela vontade de olhar por cima do ombro.
Mas também teve momentos em que o jogo me fez questionar por que eu estava ali: andando, apertando botões, esperando zero suceder. Quando a IA dormia, quando os puzzles viravam repetição de teclado, quando o ritmo tornava o horror num trabalho de escritório plano.
Achei que ia transpor assustado. Saí… exausto. Com vontade de tomar banho, desligar o PC, vincular Netflix e ver um pouco com cor e sol.
Mas se eu vincular ROUTINE outra vez? Talvez. Quando estiver com coragem. Quando quiser sentir que tecnologia, estrondo e desamparo podem ser mais aterrorizantes do que alienígenas grandões com dentes afiados.
Porque o pavor real nem sempre é grito ou dril — às vezes é repercussão no metal, luz falhando e silêncio mortal.
ROUTINE é aquele terror espacial honesto — sujo, apertado e desconfortável — que acerta em referto na atmosfera, mas tropeça nos próprios cabos soltos quando tenta manter o ritmo. Ele te assusta com o imprescindível (luz tremendo, metal rangendo, silêncio irritante), mas lacuna quando depende de IA preguiçosa, puzzles repetidos e corredores que parecem penalidade escolar. Não é o novo Alien: Isolation, não reinventa o horror sci-fi, nem chega perto de justificar o hype de mais de uma dez, mas tem espírito, estilo e alguns momentos realmente tensos que valem a viagem à Lua. No termo, ROUTINE é recomendável para quem curte terror psicológico retrô e está disposto a admitir que, às vezes, o pavor vem junto com uma boa ração de frustração — e muita ferrugem espacial.

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