Tragédia no Paquistão é atribuída a PUBG em julgamento

Tragédia no Paquistão é atribuída a PUBG em julgamento

4 minutos 26/09/2025

Tiozão do MSX solta o verbo: quando tudo dá inexacto, sempre sobra pros videogames!

Rapaz, segura essa que parece roteiro de romance ruim de madrugada: um moleque de 14 anos, no Paquistão, matou a própria família — mãe, irmão e duas irmãs — e agora, aos 17, foi sentenciado a 100 anos de prisão. Tragédia sem tamanho. Um caso de horror, de violência doméstica, de alguém que claramente precisava de comitiva psicológico. Mas o que a manchete grita em letras garrafais? “Jovem matou a família posteriormente ataque de fúria em PUBG.

Aí é onde o tiozão cá, que jogava Metal Gear no MSX 2 quando o “inimigo” era um pixel quadrângulo e a vitória era não travar o disquete, perde a paciência. Porque é sempre assim: quando acontece uma desumanidade, a culpa nunca é da falta de estrutura, nunca é da escassez de esteio mental, nunca é da arma na gaveta da mãe. Não. A culpa, convenientemente, é do videogame.

O cabrão expiatório do dedo

O garoto passava horas trancado jogando PUBG, um dos battle royales mais famosos do planeta. E pronto: acharam a narrativa. Foi o jogo de tiro que colocou a revólver na mão dele, que apagou o pensamento, que fez olvidar laços de sangue. Uma vez que se o cartucho, o servidor ou a skin de personagem tivesse sussurrado no ouvido dele: “pega a arma real e vai lá”.

Na minha idade, em 1987, a prensa dizia que Metal Gear ensinava violência e espionagem pra rapaz. Eu era um pirralho, passei semanas tentando passar escondido pelo cachorro de pixel que latia igual micro-ondas estragado. E sabe o que eu fiz depois de jogar? Zero. Fui tomar Toddy, ver TV Manchete e esperar a romance Xica da Silva (só quem viu, sabe).

A verdade é que sempre que a sociedade não consegue mourejar com um problema multíplice — saúde mental, aproximação a armas, estrutura familiar quebrada — o cabrão expiatório é o mesmo: os videogames.

O solilóquio do tiozão gamer

“Ah, mas o garoto era viciado em PUBG.”
Meu companheiro, e quantos adultos são viciados em romance, futebol, álcool ou celular? Você não vê manchete dizendo “Varão mata família posteriormente maratona de romance das nove”.

“Ah, mas ele ficou invasivo porque perdeu uma partida.”
Quem nunca xingou o joystick depois de morrer no Contra no Nintendinho? Só que ninguém saiu na rua dando tiro porque um soldadinho pixelado explodiu.

“Ah, mas o jogo ensina a atirar.”
Se jogo ensinasse, eu seria espião internacional hoje em dia, porque passei puerícia inteira com Snake, Big Boss e companhia. A diferença é que eu aprendi que ficção é ficção. E quem não consegue fazer essa saliência precisa de comitiva, não de headline sensacionalista.

O problema real (spoiler: não é o PUBG)

As matérias citam até psicólogos: o menino podia ter transtorno bipolar, surto psicótico, problemas de controle de raiva. Isso, sim, é real. Isso, sim, é explicação. E aí entra a secção que ninguém gosta de discutir porque dá trabalho: estrutura de saúde mental, aproximação a comitiva, controle de armas dentro de lar.

Mas pra que mexer nisso, né? Mais fácil tacar a culpa num jogo. Por fim, não dá processo processar um servidor de battle royale.

O juiz e a frase feita

Na decisão, o juiz disse que o delito foi “influenciado pelo vício, em que um jogo se tornou mais poderoso do que os laços familiares”. Bonito de ouvir, digno de frase de filme dramático. Mas vazio. Porque o jogo não tem poder sobrenatural. É entretenimento, não hipnose coletiva.

Se amanhã suceder um tanto parecido com alguém que joga Candy Crush, vão manifestar que foi o vício em balinha colorida que corrompeu o coração?

O ciclo eterno

A gente já viu isso com Mortal Kombat nos anos 90, com Counter-Strike nos anos 2000, com GTA desde sempre. Agora é a vez de PUBG ser o vilão da vez. Daqui a alguns anos, vai ser outro. Talvez seja Fortnite, talvez seja Roblox, talvez seja qualquer metaverso da vida.

Enquanto isso, o que realmente importa continua esquecido: famílias sem suporte, armas fáceis de pegar, adolescentes sem orientação, doenças mentais sem tratamento.

Desfecho do tiozão do MSX

Esse caso é uma tragédia. Uma família destruída, um garoto recluso pelo resto da vida, uma comunidade em choque. Mas transformar isso em campanha contra videogame é insulto à perceptibilidade.

Eu, que comecei com Snake pixelado no MSX 2, digo com tranquilidade: jogo não mata ninguém. Gente mata. Gente doente, gente desamparada, gente com aproximação a armas sem preparo.

Videogame é revérbero da cultura, não razão do caos. A responsabilidade é nossa uma vez que sociedade, não do código-fonte de um battle royale.

Fonte

Conteúdos que podem te interessar...