Início » Tropico 6 é o paraíso da corrupção tropical digital

💾 Por RumbleTech, o tiozão que viveu os anos 80, viu umas cinco ditaduras de perto (pelo noticiário, evidente) e ainda acha que Fidel e Pinochet jogavam SimCity escondidos.
Tropico 6, meu dispendioso camarada revolucionário de sofá. Mais uma vez vestimos o terno branco, acendemos o charuto e abrimos a conta no banco suíço. E lá vamos nós distrair de ser ditador tropical, aquele que promete liberdade pro povo e, de brinde, instala câmeras até no banheiro da embaixada americana.
A Kalypso Media trouxe de volta o simulador predilecto de quem acha que Che Guevara era um influencer e que ditadura boa é a que tem vista pro mar e trilha de salsa.
Cá está o resumo do jogo: você é o El Presidente, o governante supremo, querido e odiado, que precisa lastrar economia, política, prevaricação e a vontade incontrolável de erigir estátuas de si mesmo do tamanho do Cristo Redentor.
Você começa com uma ilhéu tropical e algumas cabanas humildes. Dez minutos depois, já tá exportando rum, censurando a prensa e pensando em perfurar um resort de luxo pra turistas alemães. É o tipo de jogo que faz você pensar: “talvez eu não seja tão ruim quanto aquele general da América Médio dos anos 70… ele pelo menos não cobrava imposto sobre o coco!”
A grande novidade de Tropico 6 é o arquipélago. Agora, em vez de uma ilhéu só, você governa várias — conectadas por pontes, túneis e promessas de campanha que você nunca vai executar.
É risonho ver seu poderio se expandindo por várias ilhas, todas poluídas com fábricas, quartéis e cassinos. Um verdadeiro Caribe pós-apocalíptico, onde o turismo cresce e o peixe morre.
Mas olha, erigir ponte em Tropico é quase um ato político real: custa dispendioso, vagar, e quando termina, metade da população já se mudou pro México.
Tropico 6 tem agora cada cidadão simulado individualmente. Dá pra clicar e ver o que eles pensam, onde trabalham, o que comem, se gostam do governo. Mas sério, alguém se importa?
Tentei seguir a vida de um tal José Martinez, que acordava, ia pro porto, reclamava do salário e depois protestava contra mim. Resultado: mandei prender o José. Moral da história: micromanagement é lícito até o povo estrear a pensar demais.
O jogo quer que você se importe com o cidadão, mas todo bom El Presidente sabe: o sigilo da felicidade é o povo ocupado demais pra reclamar.
Mourejar com as facções em Tropico é porquê participar de uma reunião de condomínio.
Os capitalistas querem lucros.
Os comunistas querem paridade.
Os militares querem tiros.
Os ecologistas querem plantar maconha e invocar de reflorestamento.
E você, no meio disso tudo, tentando não ser deposto enquanto constrói mais um palácio de mármore.
De vez em quando, cada grupo aparece pedindo alguma coisa absurda:
“Presidente, precisamos de uma fábrica de charutos.”
“Presidente, precisamos de menos fábricas.”
“Presidente, precisamos de uma estátua sua com um charuto na mão.”
E você faz tudo, porque no termo das contas, ser ditador é basicamente ser pai de jovem — diz sim pra todo mundo e torce pra não explodir o país.
O jogo ainda é um city builder completo, com sistema de exportação, economia flutuante, importação e aquele pormenor vital: o ramal de verba pro seu cofre secreto. Zero mais latino-americano que isso.
Se o FMI te pressiona, você assina um tratado.
Se a ONU reclama, você constrói uma escola.
Se o povo protesta, você declara feriado pátrio e distribui rum.
É a fórmula Tropico: controle, carisma e um toque de faceta de pau institucional.
O modo campanha traz uma série de missões com temas políticos e econômicos. Algumas são muito divertidas — tipo “exporte frutas e mantenha os rebeldes vivos” — e outras parecem planilhas do Banco Mundial.
Você entra numa missão, o jogo te joga num planta pronto, e aí você precisa desvendar sozinho o que diabos tá acontecendo. Nenhum relatório, nenhuma explicação. É tipo assumir o governo de um país e desvendar que o ministro da economia é o primo do padeiro.
Dava pra facilitar, né? Mas não. Tropico 6 quer que você sinta o peso do poder — e do Excel.
A versão de PC é jogável, mas no controle… rapaz. Usar o gamepad cá é tipo governar a ilhéu via fax. Os menus são confusos, lentos e dão vontade de naturalizar o mouse.
Kalypso, minha querida, eu te reverência, mas parece que o UI designer do jogo fez estágio em Cuba em 1959.
O visual é lindo, o som é ótimo, e as músicas… ah, as músicas! Depois de meia hora você já tá dançando sozinho, com um copo de rum, gritando:
“Viva El Presidente!”
A trilha é repetitiva, mas viciante — igual exposição de político em comício. E quando o sol se põe sobre seu poderio caribenho pleno de prevaricação e hotéis cinco estrelas, você pensa:
“Talvez eu seja o vilão… mas poxa, olha essa vista.”
É o tipo de jogo que te faz sentir poderoso, esperto, e ligeiramente envergonhado de estar se divertindo tanto com um simulador de ditadura. Se você gosta de ver o povo feliz, construa parques. Se você gosta de ver o povo submisso, construa prisões. Se você gosta de ver o caos… construa tudo junto e declare independência de novo.
Tropico 6 é o tipo de jogo que o FMI proibiria se pudesse. Uma sátira maravilhosa disfarçada de simulador de governo, onde a democracia é opcional e o rum é obrigatório. É o mesmo velho Caribe do dedo que a gente patroa: charmoso, satírico e levemente corrupto. Não reinventa a roda, mas pinta ela de verdejante, amarelo e vermelho e toca salsa enquanto roda pra sempre. Viva El Presidente! E que nunca falte o charuto e a verba desviada!

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